A Eletroconvulsoterapia (ECT) é procedimento indicado para o tratamento de vários transtornos neuropsiquiátricos, incluindo transtornos e situações que ameaçam a vida, tais como depressão com risco de suicídio ou má nutrição, catatonia, esquizofrenia refratária, mania com agitação psicomotora grave e estado de mal epilético.1 Embora seja um tratamento que salva vidas, continuar os serviços de ECT durante a pandemia de COVID‐19 tem sido um desafio devido aos riscos intrínsecos da anestesia e abordagem das vias aéreas durante o procedimento.2 Anestesia para ECT consiste no uso de agente hipnótico de curta ação (propofol, etomidato ou tiopental) seguido por bloqueador neuromuscular, o mais usado sendo succinilcolina devido ao rápido início e término de ação. O suprimento de oxigênio é fornecido por meio de ventilação balão‐máscara não invasiva.3 Este é o ponto crítico no procedimento porque ventilação não invasiva representa risco maior de contaminação devido a liberação de aerossol pelos pacientes contaminados. Para enfrentar o desafio, alguns serviços estão usando Máscara Laríngea (ML) para ventilação, outros estão tentando não ventilar os pacientes durante o procedimento, usando pré‐oxigenação via máscara, não rebreather. Este último pode ser perigoso porque a saturação de oxigênio do paciente pode cair para um nível que necessite de algum tipo de suporte ventilatório. Embora o procedimento seja suficientemente rápido para permitir o uso de ML, o risco de contaminação devido a spray de aerossol não diminui de forma significativa; além disso, a ML pode induzir o paciente a tossir.4
No nosso serviço de ECT, modificamos a técnica de ventilação não invasiva (fig. 1) com a instalação de filtro HEPA (High‐Efficiency Particulate Arrestance) entre a bolsa e a máscara para reter as partículas virais. Além disso, bolsa plástica estéril circundando a máscara e a face do paciente é fixada ao sistema de ventilação. Esse dispositivo protege contra aerossol que pode escapar entre a boca e máscara e disseminar partículas virais pela sala de ECT. A borda da bolsa plástica pode ser fixada com clamps. Todo o material de ventilação é substituído entre o atendimento de um paciente e outro. O uso de fluxo baixo de O2 durante a ventilação também é medida recomendada. O psiquiatra, anestesiologista e enfermeiros devem todos estar usando equipamento de proteção individual como máscara N95, escudo de rosto, luvas e avental impermeável.
Acreditamos que seja uma forma segura e efetiva de reduzir o risco de contaminação pelo COVID‐19 durante o procedimento de ECT.
Conflitos de interesseOs autores declaram não haver conflitos de interesse.